Uma jornada muito louca

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acidTrip Sex 22 Jan 2016, 16:33
Tec, tec, tec. Aquele maldito galho da árvore batia em minha janela. A ventania e a chuva lá fora estavam fortes, era perceptivel o barulho dos trovões e o clarão dos relâmpagos, me levantei e descia as escadas para pegar um copo d'água. Calçei minhas pantufas de pokébola – eu não me orgulho nem um pouco de ter pantufas no formato de pokébolas... – e cautelosamente andei pelo piso de porcelana com cera transparente. Cheguei a beira do vasto corredor onde velas elétricas se dispunham de maneira uniforme em cada lado de suas paredes, forçando os olhos na escuridão eu identifiquei o interruptor e o pressionei, com um chiado continuo as pequeninas lámpadas acenderam e iluminaram de maneira suave o corredor de paredes cor de avelã, onde haviam quatro portas – duas centrais, uma de frente pra outra sendo cada uma um quarto. Uma atrás de mim, o meu quarto e  ao final do corredor a passagem pra sala, cozinha e os outros diversos comôdos da sala. – continuei caminhando até encostar na macaneta redonda de bronze da porta dos fundos e a girar.

Nheeeec. As dobradiças velhas do chalé rangiam como uma faca cega raspando numa pedra deformada, a porta se abriu revelando um pequeno cômodo com quatro almofadas negras no chão; uma pequena mesa de centro feita parte de madeira, parte de vidro. Sobre ela haviam alguns itens como chaves, algumas moedas, um controle remoto e um vaso de flor artificial contento uma unica rosa roxa; além da nossa TV antiga, de tubo... É, nós gostamos um pouco de antiguidade – ou meus pais gostam...
Atravessei a sala guiado pelo clarão assustador dos raios que ntravam pela sacada fechada por uma porta de vidro, atravessei o pequeno balcão com tampo de marmóre negro e alcancei a pia onde enchi um copo de água e numa unica golada o tomei inteiro. Voltei a sala, onde sentei numa das almofadas e encostei as costas num dos painéis de vidro deslizante da sacada e fiquei lá, parado no tempo... O estrondo que me acordou quase me assassinou também, um objeto voou graças a fúria dos ventos e atingiu minha casa, destruiu um dos painéis e marcou a parede.

O que é isso, Lion? – minha irmã entrou na sala chutando as almofadas – Eu quero dormir, inferno!

Eu também não sei, esse bagulho entrou voando pela janela! – eu gritei, completamente assustado.

Nos aproximamos com passos curtos enquanto a casa esa invadida pela venstania e a água. Hesitamos por um segundo ao ver o tamanho do "objeto", tinha cerca de 40-50 cm, era marrom com pequenos arranhões. Continuei a caminhar enquanto minha irmã ainda estava com medo de se aproximar, até porque já era evidente que não era somente um objeto – ou era um Squirtle que estava se protegendo da chuva, ou somente o casco de um. Se fosse só o casco seria assustador...
Acariciei de leve a parte debaixo e dos 5 buracos do casco apareceram, em ordem, uma cauda, duas pernas, duas mãos e por fim a cabeça machucada da pequena criaturinha que, com dificuldade, abriu o seus olhos chorosos revelando uma iris vermelha penetrante. Me desesperei e me apaixonei ao mesmo tempo, a criatura parecia ser uma deusa da espécie.

– Lisa, a gente precisa ajudar ela! – eu exclamei.
   
           – Como? Eu não vou sair nessa chuva infernal! – ela manifestou aquele espírito de patricinha que sofre bullying – Pode ir sozinho.

  –  Patricete escrota você em! – eu gritei – Ela tá machucada!!!

  – Nem ligo! – ela voltou pro quarto, pisando forte.

Agarrei a pequena tartaruga no colo, era pesada – talvez mais do que um pacote de arroz, aliás, com certeza mais pesda que um pacote de arroz! – e corri através da fenda que a mesma havia feito no vitral da varanda. A escuridão tomava conta e as árvores em volta do chalé impediam que a luz dos postes de Pallet Town chegassem até a tirlha que nós levava a mesma, a fúria dos ventos aumentava eu o escutava uivando ao pé dos meus ouvidos, os poucos momentos de clareza eram quando o barulho ensurdecedor dos pingos de chuva que nós atingiam constantemente cessavam com o barulho semelhante ao de um ferreiro batendo o martelo numa bigorna, um trovão, o pressagio do relâmpago. Todas aqueles sons misturados, junto com o cantar dos Hoot Hoots e Noctowls formavam uma sinfonia macabra como um réquiem, a maior homenagem aos mortos.
Senti aquilo como profecia para a perda da vida a qual meus braços abraçaram desde o caminho de casa até aquele momento, onde a cidade já era observável, acelerei ainda mais o passo. Pallet Town, mesmo depois de anos, não crescerá nada além do caminho até a minha casa, haviam três casas padrão e o laboratório. Atingi o ápice da minha corrida, cheguei ao laboratório e preguei o dedo na campahinha.

– Que foi garoto? – um velho atendeu a porta coçando os olhos.

– Me ajuda, por favor. – eu supliquei, respirando pesado.

         Ele tomou o pokémon de meus braços e instruiu-me a ficar esperando em sua sala enquanto ele e sua esposa tratavam dos ferimentos da criaturinha azul. Adentrei o lugar com frio, ensopado. Era uma sala simples, haviam alguns livros numa estante, sua escrivaninha era de costas para porta e cima dela haviam uma luminaria, uma poké-dex e papéis, muuuuitos papéis. Fiquei alguns minutos parado, minutos que pareciam horas.
         Plac, Plac, Plac. Eu ouvi os passos de um chinelo pesado adentrando a sala, era a esposa do professor Oak, trazia uma bandeja estofada com uma pokébola em miniatura onde acima do botão de abertura havia uma adesivagem com o simbolo do tipo água.

         – Criança, o professor mandou te entregar isso. – ela sussurrava, com medo de acordar os pokémons no habitat artificial construido proximo dali, sua voz ela delicada e suave –  Ela parece ter gostado de você

       Agarrei a pequena esfera bicolor e ela cresceu e adaptou-se a minha mão, era ligeiramente transparente e dentro dela era observável a Squirtle paralisada lá dentro – era um pouco bizarro – olhando pra fora com seus belos e brilhantes olhos. Eu nunca entendi como curam pokémons tão rápido, perece que jogam ele fora e substituem por um novo instantaneamente...
       Apertei o botão e num flashe de luz vermelha o pokémon manifestou-se em forma física no chão de madeira de carvalho escuro, abrançado as minhas pernas.

Ei amiga, ta tudo bem? – a questionei.

Quirtlee! – indagou de volta.

Que bom! – eu exclamei sorrindo – Vamos pra casa comigo?


Com um aceno de cabeça ela concordou e caminhamos até o chalé de feições antigas, entrei pela janela quebrada e encontrei minha irmã deitada no chão, cochilando. Sorrateiramente eu caminhei pelo corredor sem fazer barulho e entrei no meu quarto. Me sequei completamente e troquei de roupas, vesti um casaco verde-musgo, uma calça skinny preta, um tênis cano alto azul, coloquei as coisas que precisaria pra viajar numa mochila e peguei juntamente com os fones meu mp3Player. Andei até a porta e adentrei no quarto dos meus pais e sentei na cadeira estofada da escrivaninha de minha mãe. Agarrei uma caneta-pena e escrevi num pedaço de um papel que se assemelhava a um pergaminho novo em branco e escrevi um bilhete que os informava do meu inicio conturbado de jornada e a viagem que eu vou fazer pelo mundo dos pokémon. Despedi-me da minha irmã enquanto ela dormia e fui em direção ao horizonte, iluminado pelos raios do nol nascente.
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Cold' Sex 22 Jan 2016, 16:55
Pode começar *-*
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acidTrip Seg 01 Fev 2016, 21:34
Quarto escuro...
Capitulo 1

Em meio as grandes árvores da Rota 01 os últimos raios de sol se esvaiam, deixando a mensagem de que o crepúsculo havia terminado e que a ferocidade da noite se aproximava. Os grunhidos macabros das criaturas que por ela se esgueiravam ficavam evidentes e mais altos a cada segundo que se passava. Pelo canto de meus olhos eu via borrões negros, olhos vermelhos me observando e continuava seguindo pelo caminho de cascalho esfarelado que não deixava os viajantes peregrinos se perderem de sua jornada, a Lua cheia iluminava entre as árvores com seus feixes prateados de luz que deixavam a minha jornada de travessia noturna menos assustadora – e evitava que eu me cagasse também...

As árvores antes belas, esbeltas e cheias de verde estavam mortas, com galhos retorcidos que pareciam mãos apontando para aqueles que passariam por ali e a melodia fúnebre da floresta aumentava a cada passo curto que eu dava, até que achei a minha salvação; ou a minha perdição. Eu vi dentre os galhos uma pequena luz branca e ouvi o choro de uma criança, ou não era uma criança, mas vai saber...
Corri em direção à luz e nada achei além de uma lanterna antiga que funcionava com o uso de óleo, ela emitia uma luz esbranquiçada por causa de sabe-se lá o que. Levantei-a com um pouco de dificuldade, parecia pesar um quilo e era feita de ferro negro, com pequenos detalhes cravados em si. Analisei o lugar: haviam dois pares de pegadas, um deles parecia ser humano porém, era minúsculo, com certeza uma criança; o outro era pequeno também, porém se assemelhava mais a pata de um cachorro, que tinham garras grandes o suficiente para cortar uma raiz que estava mais a frente bloqueando a trilha dentro da mata. Comecei a seguir aquele caminho que acabou revelando-se tão bizarro quanto o outro.

Cheguei a uma ponte fina de madeira que cruzava um pequeno córrego e chegava numa cabana antiga feita de madeira de pinheiro, com janelas redondas empoeiradas, uma espécie de varanda com uma cadeira de balanço velha – que por algum motivo sobrenatural; ou bem natural; estava balançando – e uma porta velha com uma maçaneta redonda que parecia ter sido reluzente algum dia. Os soluços chorosos continuavam, guiando-me até a porta semi aberta da bizarra estrutura e, sem que eu tomasse uma única decisão o "nheeeeec" do rangido das dobradiças enferrujadas abriram a porta de madeira e uma brisa suave cruzou meu pescoço me convidando a entrar no "chalé maldito".
A cada passo o medo aumentava mais, a noite já havia tomado conta e o breu tornava quase impossível caminhar entre meio a mobília antiga, achei uma corda que ligava o abajur empoeirado no teto, a puxei e com um estalo a luz incandescente antiga acendeu-se e iluminou o recinto revelando todas as formas ali presentes. Haviam em uma parede uma lareira de tijolos e em sua volta quadros surrealistas um sofá preto empoeirado e um tapete de camurça da cor vinho, com uma de suas pontas dobradas revelando uma falha no chão de madeira embolorada – o alçapão que levava ao porão.

Levantei-o com dificuldade. Havia uma escada de dez degraus, um cheiro podre infestava o local. A cada degrau ficava pior e minhas narinas começaram a arder.
A visão que tive ao olhar até o fundo da cripta de podridão foi horrorosa. Uma garota, devia ter 20 anos, enforcada, seu corpo sendo consumido pelos fungos e bactérias exalava aquele odor horrível, ao seu lado encontrei a fonte do choro... Era uma pequena Misdreavous, provavelmente o cadáver emputrecido era sua dona. Ela virou o rosto pra mim, seus olhos vermelhos como o sangue exalavam tristeza, que se tornou ódio ao encontrar o meu, e com um grito de amargura uma esfera de energia corrompida se formou em sua frente e com um sopro seu alvo se tornou eu.

Merda! – gritei, porém, Squirtle impulsivamente deixou sua pokébola e matou a esfera no peito, batendo contra uma das paredes – isso foi uma Shadow Ball! Você tá bem?!

Quirtle! – ela respondeu, levantando-se e se pondo em posição de combate.

– Certo, comece usando o Bubble pra preencher esse lugar dificultando a movimentação dela!

Prontamente a Squirtle abriu sua boca e assoprou de leve varias bolinhas de sabão que pareciam sumir perante a escuridão do porão sujo, mas que em poucos segundos já haviam tomado conta do local do chão ao teto e a cada movimento da pequena bruxinha era ouvido o estouro da esfera transparente e um pequeno gemido do dano tomado, sua camuflagem na escuridão estava destruída. Exposta, a criatura sombria parte pro ataque, seu colar de pedras vermelhas começa a emitir um brilho rosa intenso e com um ruído o raio de mesma cor atingia o corpo da pokémon tartaruga, assumindo o seu controle – era um Psybeam. Sem hesitar com o uso de sua telecinése a fantasma arremessou seu mais novo fantoche na parede mais distante do pequeno inferno.

– Se esconda atrás de uma dessas vigas de sustentação e escute atentamente as bolhas, quando ela se aproximar use Aqua Tail! – eu ordenei.

Se pondo em quatro patas a tartaruga se esgueirou e escondeu-se numa das seis vigas e atentamente esperou o espectro roxo se aproximar. Eventualmente as duas se encontraram e ficaram frente a frente, o olhar da pokémon fantasma assustou até mesmo a mim, seus olhos brilharam em roxo e Squirtle se viu presa no campo de batalha pelo Mean Look de Misdreavous. Porém sem hesitação sua cauda enrijeceu e um campo de energia azulado a envolveu, com um salto mortal o ser azulado com sua reluzente armadura natural golpeou a bruxa na cabeça e a lançou do alto pro chão, aterrissando graciosamente no chão tomado por suas bolhas que já não eram mais tão numerosas quanto antes.

– Termine com isso! – eu gritei – Use Hydro Pump!!

Majestosamente a pequena tartaruga posicionou a perna direita na frente, a esquerda atrás, ergueu os braços como se estivesse em guarda de boxe, respirou fundo e cuspiu um jato de água rodeado por anéis de energia que o conduzia até o seu alvo, que havia começado a se erguer novamente porém fora interrompida pelo jato pressurizado que a arremessou metros.
Paaam. Foi o barulho da pancada na parede. Os gemidos do choro da pequena criaturinha voltaram, minha primeira ação foi pega-la no colo e a levar até o sofá e deixar ela descansar.
Alguns minutos se passam, ela acorda chorando novamente.

Aquela é sua dona, né? – eu pergunto e a resposta vem instantaneamente com um aceno positivo com a cabeça.

Dreavous... – o choro parou por um instante.

Pra você não ficar só nesse mundo, eu vou te fazer uma pergunta – eu sussurrei no seu ouvido – Vem comigo na minha jornada! Você quer?!

Peguei uma pokébola vazia e abri, convidando a futura poderosa bruxa a entrar. Foi instantaneo a transformação de criatura fisica pra espécie de energia avermelhada que digitalizava os pokémons dentro da esfera parte de metal, parte de vidro. Squirtle comemorou o nosso novo laço e quis entrar na sua pokébola também, assim como a Misdreavous sua transição foi instantânea.
Peguei minha mochila, encaixei as pokébolas no cinto com um imã que as prendia por conta de sua parte metálica e voltei a trilha tradicional da Route 01. Iluminado pela luz prateada do astro celeste que pairava no céu estrelado sob minha cabeça eu segui viagem.
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Kol Mikaelson Seg 01 Fev 2016, 21:53
Captura: Válido
Nota da Captura: Ótima

Pontos Fortes: Excelente narrativa, vocabulário rico, história simplesmente PERFEITA!

Pontos Fracos: NENHUM!

Caramba, seu texto ficou IMPECÁVEL! Estou sem palavras, sua descrição e modo de narração são pra lá de perfeitos! Você tem chance de ser um excelente escritor, enfim aproveite seu prêmio!

-ATT-
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